Carta à Sociedade
Movimentos sociais do Pará repudiam destruição do Pedral do Lourenção na região de Marabá
Ato de apoio às famílias de 23 comunidades do entorno do Pedral do Lourenção denunciou a Licença de Instalação para obra de derrocamento no local

Da Página do MST
Iniciamos essa carta com o canto de Gracinha, nascida e criada na Comunidade Tauri: “Adeus Porto de Alcobaça, pancada do Correão, Adeus água da Saúde e a Pedra do Lourenção, vão tirar nossa riqueza, da nossa sustentação, tirar o nosso peixe da mesa, é grande a humilhação …” (Gracinha)
Nós, homens, mulheres, juventudes amazônidas do Pará, em especial de Marabá e região de Carajás, representantes de Movimentos Sociais organizados; neste, 5 de junho, dia de Defesa do Meio Ambiente, realizamos ato de apoio e solidariedade às famílias das 23 comunidades do entorno do Pedral do Lourenção, e vimos expressar;
NOSSO REPÚDIO a concessão autoritária da Licença de Instalação para a obra de derrocamento do Pedral do Lourenção, pelo seu caráter criminoso contra a Natureza, a humanidade e especialmente contra a vida das 23 Comunidades que vivem no Beiradão do Rio Tocantins, no entorno do Pedral do Lourenção. Centenas de famílias serão atingidas com mais um megaprojeto, em particular as mulheres e crianças que sempre são as mais afetadas com esses megaempreendimentos, assim como com os efeitos danosos das mudanças climáticas.

A quem interessa esse projeto? A quem vai servir a Hidrovia Araguaia-Tocantins? Vimos a alegria escancarada do governador do Estado, Helder Barbalho, com tal LI, repetindo o velho e enganoso discurso da Ditadura Militar de “Desenvolvimento, geração de emprego, progresso, etc..” para a região; quando na verdade comemora o que isso representa para OS LUCROS dos empresários e exploradores dos bens naturais, como as florestas, rochas, rios, solo e subsolo, beneficiando os grandes empresários do agronegócio e da mineração.
A história tem nos mostrado que os resultados desses grandes empreendimentos têm sido agressivos e tem violado direitos, causando a expulsão de inúmeros povos e comunidades tradicionais, e a apropriação dos seus territórios e de todos os espaços da Amazônia e suas riquezas naturais; contaminação por agrotóxico e outros poluentes que chegam as comunidades e aos rios da Região;
Reafirmamos que a fala das comunidades, de que não foram escutadas, e os senhores não podem desrespeitar as próprias leis que aprovaram, a exemplo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), do qual o Brasil é signatário. É imperativo que seja realizada Consulta Prévia, Livre e Informada, como rege a Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho. ALERTAMOS! São modos de vida, saberes, conhecimentos ancestrais, formas de reprodução desses povos e comunidades que estão em jogo. Eles não sabem viver de outro modo. Os senhores serão responsabilizados por tamanha destruição! Já não basta as derrubadas das matas, dos castanhais, as queimadas, a substituição da floresta por capim e agora a soja, e ainda querem acabar com nossos rios?


Ao explodir o Pedral, destruirão toda a vida que existe ali dentro, milhares de peixes, alimento tradicional que vai faltar na mesa de muitos e muitas. É importante lembrar que outros municípios, cidades, vilas, banhadas pelo rio Tocantins, também pagarão alto preço. Praias vão desaparecer, e a própria dinâmica imposta com a agem das barcaças vai mexer com o cotidiano e a vida dessas localidades. Os senhores serão responsabilizados por mais um crime. EXPLODIR O PEDRAL DO LOURENÇÃO É CRIME!
BASTA DE DESTRUIÇÃO! Nos manteremos em vigília permanente, em luta permanente, em defesa dos povos, comunidades, e seus modos de vida, da natureza, para que os senhores não destruam o que ainda resta de Amazônia, nossas, florestas, fauna, nossos rios, povos comunidades e outros.
Barcaças de soja e minério, não arão! não a explosão do Pedral do Lourenção! por justiça climática!
Marabá-Pará, 05 de junho de 2025.
ATO POPULAR CONTRA A DESTRUIÇÃO DO PEDRAL DO LOURENÇÃO; Marabá-PA;
JORNADA NACIONAL DA JUVENTUDE SEM TERRA: DEFENDER A NATUREZA E SEUS POVOS;
ASSOCIAÇÃO DE MULHERES ARCO IRIS DA JUSTIÇA;
OUVIDORIA POPULAR DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES;
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA;
INSTITUTO ZÉ CLAUDIO E MARIA;
ARTICULAÇÃO FEMINISTA DE MARABÁ;
CEPASP (CENTRO DE ESTUDOS, PESQUISA E ASSESSORIA SINDICAL E POPULAAR;
GRUPO DE MULHERES DO CABELO SECO RAÍZES DE MARABÁ;
SINDUNIFESSPA;
ANDES REGIONAL NORTE 2.