Vídeo e exposição fotográfica sobre ocupação da Veracel serão lançados em Salvador

O Setor de Comunicação e Cultura do MST-BA realiza, no dia 16 de setembro, na sala Alexandre Robatto e na Galeria Pierre Verger, da Biblioteca Pública dos Barris, o lançamento do vídeo e exposição fotográfica sobre a ocupação das terras da empresa multinacional de celulose Veracel. O documentário A Veracel no Abril Vermelho é de autoria do cineasta, diretor teatral e escritor argentino, Carlos Pronzato. A exposição fotográfica Por trás das manchetes, o dia-a-dia da luta pela terra também é de autoria de uma pessoa estrangeira que colabora com o MST, a fotógrafa sueca Johanna Nilsson. O vídeo será exibido às 19hs e, às 20hs, acontecerá um debate com o cineasta, representantes do MST e do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A abertura da mostra fotográfica será às 21hs do mesmo dia.

O argentino, residente na Bahia, tem voltado a sua produção cinematográfica para o registro das insurreições na América Latina (O aço, a rebelião argentina; Uruguai em Crise; Bolívia, a Guerra do Gás) e de diversos movimentos sociais e populares no Brasil (A Revolta do Buzu). Já Johanna tem se dedicado ao registro fotográfico do MST, colaborando com os setores de Comunicação e Educação do Movimento.

O vídeo e a exposição abordam a ação do MST na Bahia, realizada na manhã de 4 de abril de 2004, quando três mil Sem Terra ocuparam a “Fazenda Água Fria”, da multinacional Veracel, em Porto Seguro. Os trabalhadores rurais derrubaram milhares de pés de eucaliptos e começaram a plantar agricultura de subsistência. O episódio, orquestrado com outras ocupações no país, a fim de pressionar o governo federal a fazer Reforma Agrária e mudar os rumos da política econômica, repercutiu internacionalmente e dividiu a opinião pública nacional.

Considerada uma das maiores empresas de celulose, ao abranger 138 mil hectares, a Veracel é acusada pelos trabalhadores rurais e entidades sociais e ambientais de ter ocasionado a exclusão de centenas de famílias da região, na época de sua instalação, que não escaparam do forte processo de concentração de terras no Extremo-Sul. A implantação da monocultura do eucalipto derrubou milhares de hectares de matas nativas, interferindo na biodiversidade. A mobilização do MST nas terras da Veracel foi a maior já realizada no estado e marcou uma nova fase de luta pela Reforma Agrária, ao questionar o conceito de propriedade produtiva, travando o debate sócio-ecológico.

A fotografa Johanna centra sua exposição no cotidiano da construção de uma ocupação do MST, do processo que vai desde os primeiros os de mobilização das famílias, a pelo clímax do ato de ocupar efetivamente, até a realização das atividades de montagem do acampamento e da dinâmica da luta diária dos trabalhadores rurais organizados. As imagens captadas e o recorte feito pela fotógrafa sueca acabam revelando uma face do processo de ocupação de terras feita pelos militantes do MST desconhecida por grande parte da população, que nunca teve a oportunidade de acompanhar esse tipo de ação a não ser pelos noticiários da grande imprensa.

O documentário A Veracel no Abril Vermelho é a primeira produção cinematográfica do Setor de Comunicação e Cultura do MST-BA e já foi exibido no Fórum Cultural Mundial, em São Paulo, e no 1º Fórum Social das Américas, em Quito. Foi selecionado pela XXXI Jornada Internacional de Cinema da Bahia. Em breve, será lançado em VHS e DVD.